sábado, 21 de setembro de 2013

Solteirinha da Urca

Solteirinha da Urca
Silvia Britto

Cansei de ser sozinha. Por isso sou solteira.
Só, sozinha, avulsa, sem ninguém, solta na vida.
Esse negócio de amar dá muito trabalho!
Minha alma é vadia, livre e solta. Meu coração, é leal e cúmplice.
E alma e coração entendem-se maravilhosamente nesta aparente ambiguidade.
Mas a cumplicidade da emoção é uma coisa que tem que vir naturalmente.
Nunca cobrei sentimentos de alguém e detesto cobranças.
Odeio chantegens emocionais. Não negocio com terroristas.
Tenho meu tempo para resolver as coisas do meu jeito.
Sempre fui uma pessoa extremamente responsável pelo que cativo e não gosto de ser colocada contra a parede. Cuido muito bem de quem bem me quer.
Sentimento, amor, entrega, cumplicidade, carinho, cuidado...
Essas são palavras que fazem parte da minha religião.
A maioria das pessoas não me alcança e julga-me ingênua ou devassa.
Não as culpo por esse julgamento. Sou mesmo tudo isso e mais um pouco.
Implorar amor nunca foi o meu feitio.
Gosto de pássaros livres que optam por pousar ao meu lado.
Estar solteira não significa estar procurando. Estou esperando.
Levando minha vida com toda a honestidade da minha alma e esperando quem me entenda.
Ou melhor, quem me aceite, pois nem mesmo eu procuro me entender. Isso é perda de tempo.
Viver é não ser entendido.
Como li um dia por aí, ser solteira é um estado de espírito. É não ter nada planejado.
Amor não é planejável. Mas exige cumplicidade. Exige confiança. Exige falta de pudor.
Espero por quem queira ser solteiro ao meu lado.
Não vou ficar perdendo tempo procurando a outra metade da minha laranja.
Vou é pegar a minha metade e fazer uma caipirinha! E saboreá-la, bem ao meu estilo, com uma pitada de molecagem e irreverência.
E lá vou eu, pela vida afora, com meu rebolado que é mais que um poema...
Soltinha que nem arroz de festa!


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