Minha linda Farofa
Silvia Britto
O dia, nove
de setembro. O ano, 1983. Há exatos 30 anos nascia a menina. E eu, com meus
então vinte anos de idade, fui visitar a mais nova princesa. O “rimão” esperava
Isabela. Mas foi o avô quem definiu: Flavia! Flavinha para todos. Farofinha, só
para mim.
E a minha
menina cresceu. Passei de Meiena a Molena. De Morena a Tia Mô.
A vida nos
separou quando a menina tinha cinco aninhos e eu, vinte e cinco. Mas nada
separou nossos corações. A menina foi visitar-me, vim visitar-lhe. Mas nada
separou nossas almas. Voltei e a menina foi. Conheceu outra língua mas sempre
soube traduzir o que sentíamos em beautiful feelings.
Ficou
geniosa, a menina. Para uns, passou das medidas. Para mim, só estava explodindo
em vida, que teve que aprender a controlar. A menina chorou, a menina caiu, a
menina lutou e, finalmente, renasceu. Renasceu em sua vontade de ser feliz e acreditou,
finalmente, na sua grande beleza.
A pequena,
que um dia quis “entlar na máquina, né?”, que, sapeca, tomou o calmante da avó,
que encontrou pelo chão, que se acabava de rir quando dizia “bunda” em uma música
de escabrosos palavrões que cantava com a doçura de um anjo, finalmente
cresceu.
Cresceu na
idade e na sua autoconfiança. Nas suas decisões. Na sua autonomia. Nunca em seu
coração. Ou no meu! Casou, a menina! E hoje, segue linda e reconhecida por seu
talento de ensinar. E eu, aqui, apenas observando e exultante de ser testemunha
dessa vida que desabrochou.
Hoje, mais
uma vez não estou contigo em matéria, minha menina. Mas meu coração, jamais te
abandonará. Somos família de coração. Somos muito mais do que tia e sobrinha.
Somos cúmplices de vida!
Amo você,
minha Farofinha linda. E tenho a certeza de que você também me ama. Sigamos
vivendo. Nem sempre sorrindo e nem sempre cantando. A vida não é apenas uma
brincadeira para os que tem coragem de voar. Mas também, quando ganhamos
altura, temos a visão do paraíso! Continue voando lindo e sempre que olhar para
o lado, eu lá estarei.
Antes de
terminar, e como de praxe, um beijo à que pariu tão precioso pássaro.
Agora me dê
a mão e cantemos juntas: “Os plesos
leunidos na cadeia centlal...”!
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