domingo, 30 de junho de 2013

A primeira conjugação


A primeira conjugação

Silvia Britto

Eu amo.
Tu amaste?
Ele amou...
Nós amávamos!
Vós amáreis;
“Eles” amariam.

Eu choro.
Tu chorarias?
Ele  sequer chorou!
Nós choráramos...
Vós jamais choraríeis;
“Elas” não chorarão.


Não quero mais brincar


Não quero mais brincar

Silvia Britto

Sabem aquela sensação em que você se acha mais do que é e de repente cai na real e vê que é apenas "normal"?
Pois é... Odeio ser normal... 
Gosto de pensar que somos todos seres únicos e que temos o poder de transformar os caminhos por onde andamos. 
Mas ultimamente as pessoas não querem brincar disso e preferem brincar de pique-esconde, escondendo-se dentro de suas vidas, sem se deixarem ser tocadas. 
Meu problema é ser estabanada e me jogar de cabeça em tudo. 
 As topa-tudo, muitas vezes são incompreendidas e confundidas com bobas carentes. 
Não quero mais brincar.

sábado, 29 de junho de 2013

Vão comprar pão!



Vão comprar pão!
Silvia Britto

Estava em casa, triste e cabisbaixa. Reclamando da vida e casmurra de fazer inveja a qualquer Bentinho. Olhei para o relógio e vi: cinco horas da tarde. De repente, uma voz surgiu lá no fundinho de mim e falou: “Levante e vá comprar pão!”. Estranhei o comando, mas como ele insistisse e eu siga a tendência de obedecer meus instintos aparentemente sem noção, levantei, reclamando, e fui.
Esperava uma tarde fria. Qual não foi minha surpresa ao perceber que a tarde estava morna e macia. Fui obrigada a relaxar, automaticamente, os músculos do pescoço, preparados para o frio invernal.
Pelo caminho, fui encontrando vizinhos sorridentes e parando nos portões costumeiros para falar com meus amigos de quatro patas. Esses últimos, ainda olhavam insistentes para minhas costas, esperando a materialização repentina da Ritinha, a beleza negra e viralata que sempre me acompanha nesses passeios. Mas mesmo sem achá-la, abanavam deliciosamente seus rabinhos aos meus afagos.
Também arranquei sorrisos de uma linda bebê, banguela e careca que, segundo a mãe, estava molinha por ter tomado vacina. Vi o beijo apaixonado de dois namorados se reencontrando, ela com cara de atrasada, descendo do ônibus e ele, paciente, a sua espera no ponto.
Para culminar esse passeio, aparentemente sem propósito, ainda pude ouvir o relato extasiado de um garotinho de lá seus oito anos, ao seu amigo, talvez um pouquinho menor:”Cara! E o mais maneiro, é que minha mãe falou que chocolate ao leite é nutritivo!”. Isso ele dizia enquanto carregava duas barras enormes de chocolate em direção ao caixa da padaria.
No meu caminho de volta, ainda pude ver amigos jogando uma pelada na Praia da Urca, enquanto o sol dava seus últimos suspiros por essas bandas. Do outro lado, o Garota da Urca parecia explodir de vida com famílias barulhentas e crianças irriquietas. E isso tudo inundou meu coração de calor e vida.
Cheguei à casa e fui direto comer meu pão, que ainda estava quentinho no saco. A manteiga derretia assim como fez meu coração ao fazer esse passeio simples pela vida. Para acompanhar, uma xícara de café com leite e voilá! Estou novamente alimentada pela simplicidade da vida e pronta para seguir adiante.
Moral da história: Se um dia sentirem-se deprimidos, aqui vai o meu conselho: Vão comprar pão!!


Contrato e juramento


Contrato e juramento

Silvia Britto

Excelentíssimo queridíssimo amigo,

Ao tomar posse oficialmente do meu cargo de "mais-nova-amiga-de-infância",
venho por meio deste fazer alguns protestos e clamar algumas regalias inerentes ao posto.
Inicialmente, quero alegar que posso até não ser ciumenta com relação a namorados.
Porém, o mesmo não se aplica a amigos queridos. Não exijo exclusividade (só um pouquinho!).
Por outro lado, declaro em alto e bom tom que não me contentarei em ficar encostada em um canto qualquer. Quero igualdade de direitos com meus colegas de posto e requeiro o mesmo tempo dedicado em teus pensamentos e teu coração. Nesses momentos iniciais, gostaria também de solicitar um pouco mais de bajulação e carinho do que o oferecido a meus colegas.Como a caçula da turma acho que gozo da regalia de ter um pouco mais de xodó e atenção de tua parte. Afinal, os outros já não têm dúvida de teu amor e
têm lugar cativo em teu coração. Eu apenas engatinho nessa estrada.

Quero também protestar!

Eu protesto contra a organização do nosso dia a dia. Sinto-me em profunda desvantagem em relação aos teus amigos de trabalho que, por estripulias do destino, podem ter contato contigo semanalmente. Não é justo que eles possam desfrutar mais desse teu sorriso amplo e bonito do que eu!
Também quero lançar um protesto contra a correria do mundo moderno. Que exigências descabidas! Acho que todos deveríamos ser obrigados a dedicar palo menos uma hora de nossos dias a nossos queridos (principalmente a nossos caçulas!).

É com imenso orgulho que tomo posse deste meu novo cargo, conquistado com tanto afinco, dedicação e amor. Juro honrá-lo e respeitá-lo até o fim desta nossa maravilhosa viagem que se chama vida!
Aviso que vim para ficar! Sem mais, assino, com o maior prazer, este contrato perene de amor e bem-querer. Um beijo salgado, molhado e emocionado desta tua mais nova amiga de infância, de vida ou do que tu quiseres,

Silvia Helena.


sexta-feira, 28 de junho de 2013

O Bicho-Papão


O Bicho-Papão
Silvia Britto

Odeio pesadelos!
Chegam de mansinho, no meio da noite, sem serem convidados, para perturbar o sono da gente. Coisas sem educação e inoportunas que se infiltram em nossos sonhos e  em nossa cama. Ora! Vão assustar as senhoras damas suas mães!
Quando eu era mais nova, havia um desses sonhos ruins que me era recorrente. Sonhava sempre com uma enorme onda que ameaçava estourar bem em cima de mim e me levar para sempre ao fundo do mar. Era apavorante e eu acordava sem ar. Passado algum tempo, descobri que, se eu me virasse, pronta para enfrentar a onda e “furá-la”, saindo ilesa do outro lado, ela desaparecia, a covarde. E assim, parou de me visitar em sonhos e eu me tornei sereia.
Agora, vez por outra, acordo esbaforida, com o coração apertado e lágrimas nos olhos, sem saber ao certo por quê. Com certeza, ainda sonho com o Bicho-Papão. Só que, com a chegada da idade, ele não quer mais ME comer, o safado. Prefere comer meus sonhos e esperanças, o covarde. Chega na calada da noite, entra sem pedir licença e destrói meus planos de uma noite tranquila.
Felizmente, tudo não passou de um pesadelo. Os planos continuam intactos e a força de conquistá-los, redobrada! Sou petulante e pirracenta! Não vai ser qualquer Bicho-Papão que irá destruir minha vontade de sorrir e muito menos meu rebolado, que é mais que um poema!
Bom dia!!!!

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Lição de Português

Licão de Português
Silvia Britto

Transcrevo aqui um diálogo que aconteceu entre mim e minha filha há coisa de alguns anos.
Ela me pediu para ajudá-la com a lição de Português e o tópico era :Verbo Intransitivo X Verbo de Ligação.

- Filha, o intransitivo traz o sentido completo, não precisa de complemento.
Quer um exemplo? "Ele saiu".
Precisa de algum complemento para o sentido estar completo?
- Precisa mãe: ele saiu PARA ONDE?
- Mas aí já é curiosidade sua, né? Você precisa saber aonde ele foi?
-Ué!! Então, por que é que quando você diz : "ele precisa DE QUÊ?" não é curiosidade e sim OBJETO INDIRETO?
-Ai meu Deus! Presta atenção. Se eu digo: "ele precisa" você entende tudo? Não, né? Fica faltando alguma coisa.
Agora, se eu digo "ele saiu" você entende o que aconteceu? Sim !!!
-Tá bom. E o verbo de ligação?
- Ah! Esse pode ser retirado da frase e você continua entendendo o sentido. Quer ver?
"Ele estava feliz". Se eu retirar o "estava", você continua entendendo que ele estava feliz.
- Mas aí parece índio falando: "Ele feliz"!
Então, posso concluir que verbo de ligação é quando se pode falar como índio?
Índio não sabe o que é verbo de ligação?
    E o pior é que eu não podia usar a máxima de todas as mães do "É PORQUE É!".
Afinal, estávamos estudando para um teste e o professor, com certeza, não iria aceitar essa resposta.
Pobres dos filhos que por tantas vezes têm que aceitá-la como verdade mais do que absoluta.
    Pelo menos ela entendia a diferença entre adjetivo e advérbio.
Então, pude simplificar com uma dica que às vezes funciona para mim:
- Depois de VL vem adjetivo e depois de VI, advérbio!
    Que me perdôem os professores de Português!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Bom dia!


Bom dia!

Silvia Britto

Acordara cedo na manhã fria de inverno.
Abriu os olhos e sentiu a luz invadir-lhe o coração.
Levantou-se. Não havia tempo a perder!
Escovou os dentes e checou a aparência no espelho.
Estava bonita.
Aquele velho brilho no fundo dos olhos, hoje irradiava-se para o rosto maduro e marcado pelos sorrisos que dera pela vida.
As olheiras deram trégua e uma estranha luminosidade tomava conta de seu rosto.
Sorriu com o que viu.
Foi à padaria tomar uma média bem gostosa com pão quentinho e manteiga.
Brincou com o tricolor que servia ao balcão, para não perder o hábito.
Ao sair da padaria, sentiu uma imensa necessidade de ver o mar.
Sua mente pensava: "Está frio!". Mas seu corpo estava no comando.
Suas pernas a levaram pela areia geladinha até a beira do mar.
A alma de moleca despiu-se e mergulhou fundo nas pequenas marolas que lambiam-lhe os pés.
Brincou com sereias. Fugiu dos golfinhos que disputavam um beijo seu. E fartou-se com a plenitude da vida.
Chegara a hora de recomeçar a luta diária. Aquela que se faz importante no mundo real.
Saiu do mar e jogou os cabelos para trás. A pele morena arrepiou-se com o frio da manhã.
Provocou os golfinhos soprando-lhes um último beijinho de despedida, menina marota.
Vestiu seu corpo, que pacientemente esperava terminar aquele passeio moleque, e seguiu rumo à vida.
A pressa agora era de viver!
E seguiu rápida de volta a casa. Era hora de escrever este texto.
Bom dia!!!




domingo, 23 de junho de 2013

A felicidade dita suas regras

Este texto eu escrevi já faz algum tempo. Mas eles são assim, rebeldes. Às vezes pulam em meu colo e não sossegam enquanto não se veem na tela. Esse veio depois de um sonho em uma noite desconfortável. Quase que o renomeei para "Um dia, num verão". Mas resolvi deixar o título original. Meus textos não gostam de retoques e relançamentos. Desaforados, já disse! E aí vai ele.

 A felicidade dita suas regras
Silvia Britto

Concordo que é muito atrevimento vir aqui escrever sobre felicidade bem no meio do inferno astral desta inveterada nativa de Peixes. Mas atrevimento sempre foi uma das minhas mais fortes características. D. Maria José não poupava comentários ao me chamar de menina atrevida, petulante e destemida. Tentou corrigir-me... Quá! Menina danada de  teimosa!
Acordei hoje com o coração apertado e pronto para explodir à menor provocação. Acho que teve a ver com um sonho muito doido que tive. Um dia eu conto. Muito bizarro para ser resumido.

Para relaxar, resolvi ir à praia aproveitar o último dia de horário de verão. Como sempre, segui com meus fones descansando em meus ouvidos enquanto a rádio me surpreendia com seu repertório do dia. Adoro rádio. Gosto de ser surpreendida pelas suas escolhas musicais. Parecia que um complô havia se formado contra mim. Cada música que tocava era mais linda do que a outra. Letras lindas, cheias de significado e com uma carência enorme de destinatários a quem eu pudesse enviá-las. As lágrimas corriam soltas.

Chegando à praia, larguei a tralha toda na areia e fui sentir o abraço do mar em um mergulho para diluir o salgado das minhas lágrimas. Estava frio, o que me impediu de entregar-me totalmente a esse prazer reconfortante. Dei um rápido mergulho e sentei-me à beira da água. Fiquei ali apreciando aquele vai e vem de água gelada enquanto pensava sobre a tristeza que sentia.

De repente comecei a me sentir pequena diante daquela imensidão de azul que se estendia à minha frente e um sentimento quente de paz me invadiu. Dei-me conta de quão sem noção eu era por considerar-me infeliz. Como alguém que podia testemunhar  tamanha beleza poderia ser infeliz?

Tentei mudar o nome do sentimento.

Solidão? Imediatamente os sorrisos de vários amigos queridos me vieram à lembrança. Tristeza? Como alguém que ama sorrir e dançar pode considerar-se triste? Insignificância? Não creio... Sinto que estabeleço uma relação intensa com todos que cruzam o meu caminho, por menor que seja o instante... Por exemplo, há dois dias virei amiga de infância de um anjinho paulista de 5 anos que veio ao Rio passar o Carnaval. Nosso encontro foi na mureta da Urca que dá para o mar. Eu com uma cerveja e ela com um pirulito de morango. Dedicamos longos minutos à árdua tarefa de tomar conta de uma família de ratazanas que passeavam livremente pelas pedras molhadas de mar... Carol... Linda menina... Chorou quando nos despedimos...

Então me dei conta que reclamava de barriga cheia. Não sou infeliz, nem só, nem triste e muito menos insignificante. Esse aperto no coração também pode ser chamado de felicidade. É a "felicidade triste"! Haha! Até consigo ver o rosto de um amigo muito querido dizendo: "Você é estranha!", com o que minha filha parece concordar. Ele também me diz que a felicidade é um luxo. 
Não concordo. A felicidade é o nosso feijão com arroz, nosso copo de água gelado quando estamos com sede, o abraço quente de um amigo quando estamos carentes, a música linda que flutua no ar, os tons de verde que se misturam nas árvores... Enfim, é só olhar em volta! O que é um luxo é o momento em que essa felicidade é tão intensa que transborda sob a forma de lágrimas,  o orgasmo da felicidade.

Ser feliz é ser capaz de chorar de alegria e sorrir da tristeza. É se acabar de chorar ouvindo música domingo à tarde. É poder ser livre, petulante e gaiata. É conseguir reconhecer os anjos que cruzam nosso caminho...
Tenho que reconhecer: sou boa nisso!

Enquanto me deixava invadir por esses pensamentos revolucionários, chegou-me à mão uma conchinha e imediatamente a acolhi como um sinal divino de que a felicidade era palpável e estava em minhas mãos. Segurei meu talismã com muito carinho e já sei seu endereço. Alguém que merece saber que a felicidade não é um luxo, que é palpável e que se encontra perenemente nas pequenas coisas como essa conchinha que se entregou descaradamente para mim. É só estender a mão e pegar.

Com o reforço dessa certeza, levantei, sacudi a "areia", dei a volta por cima e fui caminhar. Em uma das mãos, o rádio; na outra, a concha. Ao meu lado direito, minha sombra, companheira incansável, prova de que o sol me acompanha; ao esquerdo, o mar sempre pronto para me abraçar e envolver. E dentro do peito, Deus, que nada mais é do que tudo isso junto e misturado.

E a gente vai levando de teimoso e de pirraça e de petulância e de atrevimento e de destemor e de vontade de ser feliz. Simples assim.

sábado, 22 de junho de 2013

@vida.com

@vida.com
Silvia Britto

É inquestionável o valor da internet na globalização da informação. Também não dá para negar a importância das redes sociais no estabelecimento de novas amizades e no resgate de antigas.O grande problema é o espaço que algumas pessoas deixam ser ocupados em suas vidas por emoções fugidias e idealizadas. Sim, porque a quantidade de pessoas que se apaixonam através das teclas de um keyboard tem muito a ver com o imaginário que se tem dos objetos de nosso desejo. Fica muito mais difícil para as pessoas de carne e osso competirem com a imaginação de outrem. É como competir com a falecida de um viúvo apaixonado. Ou pior! Aqui a viúva tecla de volta!
A conquista ficou mais fácil. Somos todos maravilhosos inteligentes e sensíveis. A traição parece perder sua importância. Traição virtual não é traição?  E os sentidos que dão sabor à vida vão se perdendo. Não se pode mais olhar pelo rabo de olho e perceber aquele olhar em nossa direção. Cheiros se perdem. Gostos não existem. Tato, só o dos dedos no teclado. Será esta a robotização do homem, tão temida há coisa de alguns anos?
Procuro um amor de verdade, desses que podemos morder para depois lamber. Mas parece que viraram artigos raros. Acabo vindo aqui também por total falta de opção. O povo esqueceu o que é namorar de verdade, sentindo o cheiro e o calor da pele. Esqueceu a magia do olho no olho. E namorados seguem comunicando-se pelos chats da vida, mesmo que à distância de poucos metros entre um notebook na cama e um PC na mesa do mesmo quarto. Tenho vontade de chorar... Ou devo apenas teclar: {: + ' + ( } ?
Não quero me perder num mundo virtual que alimenta a alma apenas enquanto a energia não falta. Tenho medo dos apagões da alma...

Procura e oferta

Procura e Oferta

Silvia Britto

Procura:
Preciso de alguém com as seguintes características para dançar "Unforgettable" comigo:
Solteiro, sensual, voz grave, com "pegada", mais de 50 anos, menos de 60 anos, mais de 1,70 m, com cara de mau,
charmoso, romântico, bom nível social, inteligente, com senso de humor, que ME ache irresistível e que não seja GAY!
Será que existe?????

... Alguns dias depois...

Oferta:
Há alguns dias fiz um apelo procurando alguém com algumas características para dançar uma música do Nat(King Cole) comigo.
Como ninguém preencheu os requisitos, resolvi baixar um pouco a minha bola.
Pode ser alguém de qualquer idade, qualquer altura, qualquer nível social, inteligência/humor/romantismo dispensáveis,qualquer sexo, e ainda pago um jantar!
Será que nem assim?????? PUTZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

sexta-feira, 21 de junho de 2013

A juventude transviada do século XXI


 A juventude transviada do século XXI

O aumento da liberdade política e social observado no início do século passado, apesar de imprescindível para o progresso da humanidade, não foi de todo positivo. Trouxe consigo uma aba negativa de falta de discernimento moral, principalmente entre alguns jovens.
O povo foi às ruas, clamar pelos seus direitos. Infelizmente, infiltrados nessa corrente do bem, também seguiram algumas "laranjas podres".
Ouve-se falar muito de reforma do Judiciário. Talvez, mais urgente seja uma reforma da ética, onde teríamos como princípio fundamental o da punibilidade, artigo raro no Brasil de hoje.
Agravando ainda mais a situação, temos a maioridade penal na lei brasileira ocorrendo aos dezoito anos. Isso não acompanha a maioridade social em que os crimes e vandalismos vêm acontecendo. Essa última, parece iniciar-se até mesmo antes da adolescência.
O crime ganhou prestígio e destaque ao vermos estampados na mídia rostos de criminosos e delinquentes. Seu poder, e prestígio, acompanhados da tal da impunibilidade, ganharam a admiração de jovens que veem aí, um caminho fácil para o poder e para a fama.
Se não nos organizarmos no sentido de imputar aos nossos jovens um aumento desse discernimento de moralidade, acompanhado das sanções cabíveis ao seu não cumprimento, dificilmente teremos a paz e a elevação espiritual a que tanto almejamos. Eles caminham de mãos dadas.
Acorda Brasil!


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Um passarinho me falou


Um passarinho me falou
Silvia Britto


Sempre tive o costume, embora um pouco negligenciado ultimamente, de ir à janela antes de dormir e ao acordar para agradecer a oportunidade de ter o privilégio de testemunhar tanta beleza.
A beleza da vida. Da criação do meu Deus das Pequenas Coisas.
Sorvo cada folha de árvore que cai, cada estrela que brilha, e encho-me da certeza de que, se a vida de mim esvair-se, pelo menos essa não passou despercebida.
Há pouco tempo, acordei jururu. Mais um desses dias que teimam em passar em branco.
Quase automaticamente fui à janela, conectar-me com o sol, buscando inspiração para aliviar meu coração.
De repente, um pássaro pequeno, nem tão bonito assim, pousou em um telhado a minha frente.
Encarou-me como se soubesse o que eu sentia.
Encantou-me o passarinho.
Quando dei por mim, estava a conversar com a delicada criatura, chorando e esvaziando assim meu coração apertado.
Ele ouviu até o fim. 
Pulou do telhado ao fio e do fio ao telhado novamente.
Olhou pra mim e partiu.
Fiquei observando e pensando aonde iria meu confidente.
Ele voou lindo, suave e leve.
Foi então que dei-me conta que era assim também que ficara meu coração.
O pequeno amigo absorveu minha tristeza e a transformou num lindo voo.
Trouxe-me de volta a certeza de que o importante é o agora e que, "CARPE DIEM",
não é algo que serve apenas para ser tatuado no braço de alguns mais corajosos à dor.
Meus problemas ganharam nova dimensão.
Meu amiguinho, com seu lindo voo me disse:
"Não chore, menina dos olhos verdes. A vida é um presente. 
Aproveite a sua e entenda de uma vez por todas que problemas resolvem-se com sorrisos".
E sorri.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Rapidinha



Rapidinha
Silvia Britto

Hoje é o Dia dos Namorados.
Como já disse anteriormente, aprendi,com uma amiga muito linda e querida, uma expressão que conseguiu finalmente traduzir todo esse sentimento que carrego no peito:
"O amor é  plural"! 
Obrigada, Clarinha!
E é nessa pluralidade que assumo, desavergonhadamente, que minha alma é bissexual.
Atrevo-me a ir além, dizendo que essa também é inter-racial, por ser perdidamente apaixonada por meus amores de quatro patas.
O amor e o sexo são coisas intimamente relacionadas. 
Amor excita! 
Faz cosquinhas na barriga e proporciona um delicioso quentinho na espinha.
Eu tenho a sorte de sentir essa magia, independentemente de sexo ou raça, ao deparar-me com minhas criaturas queridas.
Só tenho a agradecer, por ser assim, tão sem-vergonha!
Por isso, quero desejar um Feliz Dia dos Namorados a todos os meus namorados e namoradas! 
Amo vocês de paixão. 

Obrigada por me fazerem feliz! 


terça-feira, 11 de junho de 2013

Sobre foda




Sobre foda
Silvia Britto

Aviso aos tarados de plantão que este não se trata de um texto pornográfico.
Parece que consigo ouvir em uníssono do outro lado da tela:
-“Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!”
Sinto muito. Um dia talvez me arrisque a colocar um de meus ensaios sensuais aqui para ser testado por vocês. Mas muita água ainda precisará rolar para que isso aconteça.
Mas voltando à foda, trata-se principalmente de uma análise ortográfica.
Sei que o verbo correto é FODER, assim mesmo, grafado com “o”. Mas caiu na boca do povo o bom e velho FUDER. E é isso que se escuta por aí. “Vá se fuder!” , “Tá fudido!” ou simplesmente, “Fudeu!!”.
Eu sou uma das que se recusam a escrever “fodido”. Acho que enfraquece o propósito da causa. Dizer que estou fodida parece-me algo tão superficial e fora da realidade do sentimento quanto chamar os juízes das partidas do meu Fogão de “boboquinhas”. Nada melhor do que um alto e sonoro “VÁ SE FUDER!”, para lavar a alma e desobstruir o coração.
Porém, como amante da nossa língua, não posso deixar de notar a nossa incoerência. Ora, se mandamos alguém “se fuder”, não deveríamos também dizer que tal pessoa é “fUda”? Ou ainda, quando algo nos desagrada, o certo não seria dizer “fUda-se”?
Pois é. Hoje acordei com essa questão de consistência ortográfica a perturbar-me os genes gramaticais. Cheguei à conclusão de que não há conclusão. 
Se para o Aurélio o certo é “FODER”, para mim continuará sendo eternamente “FUDER”! Ele que fique com sua foda! Eu continuarei com a minha fuda! Ou não! Quer saber? Já deu desse papo! Desejo a todos uma foda bem “fuderosa”. Pra não perder a intensidade da coisa...
Fui! Ou Foi! Aí, tanto faz!


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Encontro com Lucas


Encontro com Lucas
Silvia Britto

Hoje, apesar de meu joelho dolorido e machucado, resolvi aventurar-me em um rápido passeio à pet shop com a Ritinha, com a finalidade de comprar-lhe um almoço especial por ocasião de seu aniversário de um ano conosco.
Inicialmente, fiquei cabreira, pois minha amiga é conhecida pelos seus rompantes descontrolados de afeto por quase todos que cruzam seu caminho na rua. E haja força para conseguir controlar seu amor. No estado em que estou, poderia facilmente piorar minha situação. Mas como é de minha natureza, ousei.
Qual não foi o meu espanto ao deparar-me com um lado da minha bebê de quatro patas até então desconhecido para mim. Quem saiu comigo foi uma Ritinha dócil, vagarosa e que parecia a todo momento perguntar-me se estava tudo bem. Só perdeu a linha quando um casal de pombos resolveu passar vagarosamente e desavergonhadamente bem na frente do seu focinho. Ah! Tivessem dó! Provocação tem limite!
Mas como sempre, ao encontrar pessoas desavisadas que tentavam brincar com ela, ainda estava pulando, lambendo e quase derrubando as pobres criaturas. Impossível essa pestinha! Mas eis que surge como que do nada, um garotinho de lá seus oito aninhos, franzino, carregando uma mochila nas costas maior do que ele, a caminho da escola: Lucas.
Lucas aproximou-se como que magnetizado pela visão da Ritinha e eu pensei: “Ferrou!”!  Ele chegou de mansinho e fez um afago na cabecinha dela que, para meu espanto, aceitou aquele carinho com uma docilidade e ternura até então desconhecidas para mim. Ainda perplexa, perguntei ao pequeno Lucas:
- Como você  conseguiu que ela não pulasse em você e te jogasse no chão?!
E ele, com um sorriso tão encantador que ficará para sempre tatuado em minha memória, respondeu:
- O segredo é simples...  É só fazer um carinho bem de levinho na cabecinha dela... Assim como se fosse uma cosquinha!
E seguiu seu caminho feliz rumo à escola, onde acho que tem muito mais a ensinar do que aprender. Valeu, Luquinhas!

Ritinha



Ritinha
Silvia Britto
 
Hoje faz exatamente um ano que Ritinha chegou à nossa casa.
Sua chegada foi tal qual a expectativa da chegada de um filho, guardadas as devidas proporções, pois  um cão é um filho de alma e não de sangue. Ritinha foi planejada. Por anos havia a vontade mas  ainda não estávamos prontas para as mudanças que ela, assim como um filho, traria às nossas vidas. Até que um dia resolvemos. É agora!
Isso aconteceu por ocasião dos 15 anos de minha filha Juquinha. Julia foi o melhor presente que a vida me deu e Rita foi a melhor maneira que encontrei  de fazer com que ela entendesse um pouco desse sentimento que não pode ser transmitido por palavras. Eu não poderia ter pensado em maneira melhor.
Quando a vimos pela primeira vez, Ritinha já mostrava sua energia, seu “descontrole” diante do amor e sua independência dependente. Parecia uma alucinada de tanto que corria e a tudo fuçava com seu olhar triste, contrastando com sua linguagem de corpo feliz. E o amor se deu ali, reciprocamente. Instantaneamente. E a adotamos com lágrimas nos olhos.
Chegou à nossa casa onde ficou tímida por questão de apenas um minuto. Daí assumiu seu posto com toda a majestade livre dos viralatas que têm a certeza de que o mundo lhes pertence. Coisa de botafoguense, com toda certeza!
 Ao contrário da música do Chico, ela não levou nossos sorrisos. Ela os trouxe mais constantes e emocionados. Tudo bem se foi às custas do nosso colchão, do nosso sofá, dos pés das nossas cadeiras. Ela acabou com nossos móveis mas nos ensinou o que é o amor incondicional associado ao amor leal. Temos a certeza de que ela não é tudo pra nós mas constantemente nos faz ver que nós somos tudo pra ela.
Nos ensinou um novo substantivo: “ritice”. Ritice é quando se destrói  uma blusa preferida de alguém e vamos mostrá-la, orgulhosamente, a sua desesperada dona, como se fosse uma obra prima por nós confeccionada. É quando se surrupia  um sutiã rendado e saímos, “monoteticamente”,  desfilando pela casa, com ele elegantemente enlaçado ao pescoço. É quando se ama e ama e ama, pois é só assim que sabemos ser.
Por isso, minha Ritinha, agradeço à vida a sua chegada. Você está exercendo seu papel lindamente ao nos ensinar essa mais pura forma de amor. Faço questão de registrar meu amor e gratidão a você por isso. Não consigo mais imaginar minha vida sem seus ataques de amor, sem seus arranhões de carinho e sem suas lambidas quentes . Obrigada amiga de alma. A casa é sua!