sexta-feira, 27 de setembro de 2013

São Cosme e Damião


São Cosme e Damião
Silvia Britto

Dia 27 de setembro. Dia de São Cosme e Damião.
Ah!! Quantas recordações isso me trás. Moleca, ia de rua em rua, com uma sacola de plástico em punho, recolhendo os saquinhos de doces pela vizinhança. Sempre tentava pegar dois, um para a minha irmã, Lilica, que, por capricho da vida, só podia assistir à festa pela janela.
Havia sempre a notícia que vazava;
- Dona Zulmira do 702 vai distribuir às 10 horas!
- Seu Toinho, na Santo Amaro, tá distribuindo agora!
E lá ia eu correndo, descabelada e feliz, de porta em porta, colecionando saquinhos de guloseimas, muitas vezes de origem duvidosa quanto a sua gostosura.
Era quase uma competição entre a molecada - quem encheria mais a sacola?
Ao final do dia, chegava a minha casa suja, suada e esbaforida da molecagem de dia inteiro. Portava comigo o meu troféu, uma sacola lotada de marias-mole, cocôs-de rato, suspiros, goiabada, balas Juquinha, pirulitos do Zorro (lembram dele???) e afins, nem sempre com seus nomes identificados.
Um pouco mais velha, tive a experiência de ter uma melhor amiga que "recebia" entidades da Umbanda. Nunca conseguirei explicar aquilo. Mas aí é outra história. Um dia eu conto. Voltando às crianças, minha amiga "recebia" a Mariazinha da Beira da Praia. Uma menina levada da breca que cismava em entupir-nos de bolo empapuçado de guaraná! Não é que era bom? Era dia de festa no Centro de Umbanda, e uma bagunça linda reinava, feita por adultos que se deixavam levar pela fé.
As crianças de hoje não sabem mais o que é ser livre e feliz. Lamento. Não se distribuem saquinhos de São Cosme e Damião em shoppings. Ainda bem que vivi em uma época em que as ruas também eram das crianças para brincar de queimado, carniça, pique-bandeira e soltar pipas coloridas.
Saudades da molecagem vadia.
Salve Cosme, Damião, Dom Um!

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