segunda-feira, 10 de junho de 2013

Ritinha



Ritinha
Silvia Britto
 
Hoje faz exatamente um ano que Ritinha chegou à nossa casa.
Sua chegada foi tal qual a expectativa da chegada de um filho, guardadas as devidas proporções, pois  um cão é um filho de alma e não de sangue. Ritinha foi planejada. Por anos havia a vontade mas  ainda não estávamos prontas para as mudanças que ela, assim como um filho, traria às nossas vidas. Até que um dia resolvemos. É agora!
Isso aconteceu por ocasião dos 15 anos de minha filha Juquinha. Julia foi o melhor presente que a vida me deu e Rita foi a melhor maneira que encontrei  de fazer com que ela entendesse um pouco desse sentimento que não pode ser transmitido por palavras. Eu não poderia ter pensado em maneira melhor.
Quando a vimos pela primeira vez, Ritinha já mostrava sua energia, seu “descontrole” diante do amor e sua independência dependente. Parecia uma alucinada de tanto que corria e a tudo fuçava com seu olhar triste, contrastando com sua linguagem de corpo feliz. E o amor se deu ali, reciprocamente. Instantaneamente. E a adotamos com lágrimas nos olhos.
Chegou à nossa casa onde ficou tímida por questão de apenas um minuto. Daí assumiu seu posto com toda a majestade livre dos viralatas que têm a certeza de que o mundo lhes pertence. Coisa de botafoguense, com toda certeza!
 Ao contrário da música do Chico, ela não levou nossos sorrisos. Ela os trouxe mais constantes e emocionados. Tudo bem se foi às custas do nosso colchão, do nosso sofá, dos pés das nossas cadeiras. Ela acabou com nossos móveis mas nos ensinou o que é o amor incondicional associado ao amor leal. Temos a certeza de que ela não é tudo pra nós mas constantemente nos faz ver que nós somos tudo pra ela.
Nos ensinou um novo substantivo: “ritice”. Ritice é quando se destrói  uma blusa preferida de alguém e vamos mostrá-la, orgulhosamente, a sua desesperada dona, como se fosse uma obra prima por nós confeccionada. É quando se surrupia  um sutiã rendado e saímos, “monoteticamente”,  desfilando pela casa, com ele elegantemente enlaçado ao pescoço. É quando se ama e ama e ama, pois é só assim que sabemos ser.
Por isso, minha Ritinha, agradeço à vida a sua chegada. Você está exercendo seu papel lindamente ao nos ensinar essa mais pura forma de amor. Faço questão de registrar meu amor e gratidão a você por isso. Não consigo mais imaginar minha vida sem seus ataques de amor, sem seus arranhões de carinho e sem suas lambidas quentes . Obrigada amiga de alma. A casa é sua!


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