Ritinha
Silvia Britto
Hoje faz
exatamente um ano que Ritinha chegou à nossa casa.
Sua chegada
foi tal qual a expectativa da chegada de um filho, guardadas as devidas
proporções, pois um cão é um filho de
alma e não de sangue. Ritinha foi planejada. Por anos havia a vontade mas ainda não estávamos prontas para as mudanças
que ela, assim como um filho, traria às nossas vidas. Até que um dia
resolvemos. É agora!
Isso
aconteceu por ocasião dos 15 anos de minha filha Juquinha. Julia foi o melhor
presente que a vida me deu e Rita foi a melhor maneira que encontrei de fazer com que ela entendesse um pouco desse
sentimento que não pode ser transmitido por palavras. Eu não poderia ter
pensado em maneira melhor.
Quando a
vimos pela primeira vez, Ritinha já mostrava sua energia, seu “descontrole”
diante do amor e sua independência dependente. Parecia uma alucinada de tanto
que corria e a tudo fuçava com seu olhar triste, contrastando com sua linguagem
de corpo feliz. E o amor se deu ali, reciprocamente. Instantaneamente. E a
adotamos com lágrimas nos olhos.
Chegou à
nossa casa onde ficou tímida por questão de apenas um minuto. Daí assumiu seu
posto com toda a majestade livre dos viralatas que têm a certeza de que o mundo
lhes pertence. Coisa de botafoguense, com toda certeza!
Ao contrário da música do Chico, ela não levou
nossos sorrisos. Ela os trouxe mais constantes e emocionados. Tudo bem se foi
às custas do nosso colchão, do nosso sofá, dos pés das nossas cadeiras. Ela acabou
com nossos móveis mas nos ensinou o que é o amor incondicional associado ao
amor leal. Temos a certeza de que ela não é tudo pra nós mas constantemente nos
faz ver que nós somos tudo pra ela.
Nos ensinou
um novo substantivo: “ritice”. Ritice é quando se destrói uma blusa preferida de alguém e vamos
mostrá-la, orgulhosamente, a sua desesperada dona, como se fosse uma obra prima
por nós confeccionada. É quando se surrupia um sutiã rendado e saímos, “monoteticamente”, desfilando pela casa, com ele elegantemente
enlaçado ao pescoço. É quando se ama e ama e ama, pois é só assim que sabemos
ser.
Por isso,
minha Ritinha, agradeço à vida a sua chegada. Você está exercendo seu papel
lindamente ao nos ensinar essa mais pura forma de amor. Faço questão de
registrar meu amor e gratidão a você por isso. Não consigo mais imaginar minha
vida sem seus ataques de amor, sem seus arranhões de carinho e sem suas
lambidas quentes . Obrigada amiga de alma. A casa é sua!
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