Paz no Inferno
Silvia Britto
Meu coração finalmente encontrou a paz.
Não a paz dos contos de fadas que essa, além de não existir, é muito chata e monótona.
Quem quer saber de príncipes encantados engomadinhos, cavalos brancos, castelos encantados, que devem dar um trabalho enorme para limpar, e felicidade para sempre?
Felicidade demais cansa! De nada valeria se não fosse entremeada de tristezas e decepções para que pudéssemos valorizá-la.
Falo da paz do mundo real. Dos que ousam sonhar acordados.
Aquela paz que perturba, nos deixa inseguros, faz nosso coração bater desacelerado e nos faz tanto bem.
Não há nada que me traga mais paz do que acordar e ficar ansiosa, pensando se estarei sendo correspondida nas minhas loucuras.
Nada mais tranquilo do que os momentos que se seguem após o amor selvagem e sôfrego.
A paz do mundo real nos tira da acomodação e da mesmice.
Descobrimos que aquele papo de "não sou ciumento", "quero ser independente", "não gosto de andar na chuva", é tudo balela.
Papo de raposa sem acesso às uvas.
Bom mesmo é morrer de ciúmes. Ser posse e proteção.
Acabar-se de rir e chorar, tal qual sol e chuva.
E foi isso que eu encontrei.
Graças à meninice da minha alma curiosa e ousada, e à cretinice dos amores bandidos.
Finalmente estou em paz no inferno da vida.
Finalmente estou em paz no inferno da vida.
Amo você, meu contrabandista de gozos, cafetão da minha alma, boêmio da vida!
Obrigada por trazer paz e dasassossego à minha estrada, que agora é sua também.
Dê-me sua mão.
Vamos caminhar.
Vamos caminhar.
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