sábado, 13 de julho de 2013

Um viva ao amor


Um viva ao amor
Silvia Britto

Outra tarde, caminhando com a Ritinha, minha viralatinha linda, pelas ruas da Urca, deparei-me com uma cena que me emocionou imensamente pela sua ternura e delicadeza, mas que também me fez parar para pensar.
Sentadas na muretinha da praia, voltadas para o mar, havia duas meninas, de lá seus vinte e poucos anos, conversando. Vestiam-se como uma época foi moda, quando eu era adolescente, com saias longas e de um florido suave, no melhor estilo hippie chic, como se diz atualmente. Os cabelos eram longos e escuros.
Uma delas estava sentada, mirando o mar, enquanto a companheira, delicadamente, trançava-lhe os cabelos numa longa trança. De repente, pararam o que estavam conversando alegremente, olharam-se e deram-se um delicioso beijo na boca, terminado por um olhar tão cúmplice, que pareceu-me durar uma eternidade. 
Fiquei encantada com aquela cena, que tinha como pano de fundo o mar, o pôr do sol e o Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara. E a vida seguiu-se. A trança atraiu novamente a atenção da moça de dedos ágeis e o papo continuou, com risos e suaves sons femininos, vindos do lindo casal.
E foi aí que eu parei para pensar... 
Como alguém, em sã consciência, pode encarar aquilo como um "desacato à moral" ou, pior ainda, como uma doença a ser "curada"? Por que algumas pessoas olham para aquela cena linda e ficam indignadas, querendo castrar o direito àquele amor? Alguns, principalmente os homens, olham para aquela "belezice" e apenas veem um ato sexual acontecendo em praça pública.
Olhei para a Ritinha, caminhando feliz ao meu lado, e ela parecia não se importar. Olhei para o Cristo, e ele continuava lá, abençoando aquela cena inquestionável de amor. Pensei e pensei e não cheguei à uma explicação plausível de por que algumas pessoas se sentem tão incomodadas com o amor. Essas mesmas pessoas, assistem às lutas de UFC com grande entusiasmo e alegria, algo, para mim, inconcebível. Mas não os critico. Sei que todos esses sentimentos são inerentes à raça humana. Só não entendo por que tanto preconceito com o amor e tanta vibração com a disputa.
Como não havia jeito nem resposta, segui a caminhada com minha linda amiga, tendo cada vez mais a certeza de que vivo em alguma espécie de mundo paralelo e que, na minha Constituição, amor, aceitação, tolerância e respeito são cláusulas pétreas de suma importância.
Um viva ao amor!


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