quarta-feira, 31 de julho de 2013

Decepção


Decepção
Silvia Britto

"Não é preciso mostrar beleza aos cegos e nem dizer a verdade aos surdos, basta não mentir para quem te escuta, nem decepcionar os olhos de quem te vê". 

Essa frase caiu no meu colo hoje de manhã. Parece que alguma força desconhecida quer me alertar, afinal.

A vida insiste em me mostrar que só posso confiar em mim mesma. E eu teimo em não aceitar. Em minha infantilidade ingênua, ainda acredito que há pessoas que nem eu por aí. O mundo é muito grande para eu ser a única a me entregar de verdade e ser sincera com meus sentimentos, fazendo-os coincidirem com minhas atitudes.
A humanidade é sórdida e aproveitadora. As pessoas tendem a pensar em seu bem estar acima de tudo e tentam angariar tudo que podem, independente da boa fé dos que os circundam.Serei eu a errada? Deveria eu também estar me comportando de maneira diferente em um mundo de consumismo espiritual e sem escrúpulos, em que homens passam por cima de tudo para conseguir de tudo muito? 
Se for eu a errada, melhor parar o mundo que eu quero descer. Não sei brincar assim. E que na próxima encarnação, se é que isso existe mesmo, eu venha transformada em cadela. Os cães sim, são amantes e amigos fiéis. Para eles, o amor é incondicional e não se sustenta em mentiras.
Começo a pensar que vivo uma vida falsa. Minha casa não é minha, muitos amigos me abandonam, amores não me são leais, minha riqueza é virtual. Talvez por isso as redes sociais façam tanto sucesso! Para suprir essa carência imensa dos que não sabem ser felizes na "vida real".
Também eu, sou assídua usuária de redes sociais. Mas segundo a minha filha, não sei usá-las corretamente. Exponho-me por completo, faço amigos "de verdade", encontro amores "reais", comporto-me como se ali, tudo fosse verdade. E insisto que é verdade sim! Quando as pessoas conversam, trocam agressividades e afetos, fazem sexo virtual, isso nada mais é do que expor suas vontades de maneira que não conseguiriam de outra forma. Um pouco como o efeito do álcool. Não acredito que alguém consiga criar um personagem e o encenar 100 por cento das vezes.
E por isso estou triste... 
Não me venham querer separar o virtual do real. O virtual são nossos desejos, nossos sonhos. O real é a maneira que encontramos para transformar o virtual em real. Apenas os corajosos conseguem algum êxito. O mundo é dos corajosos. E é por isso mesmo que vou continuar minha vida de forma verdadeira e transparente. Coragem não me falta, apesar de muitos me verem como uma criança gordinha, burrinha, cega e crente. Eu sou ótima observadora, exatamente porque não faço da minha vida uma encenação. Quando você está em outro plano, consegue ver o amadorismo dos que não conseguem amar de verdade.
Essa crítica não vai direcionada a ninguém em especial mas àqueles em quem a carapuça couber, peço apenas que reflitam sobre isso e tentem parar de sugar a boa vontade dos que não vieram ao mundo para brincar. Um dia a casa cai, e só os que sabem voar serão felizes de verdade.
Agora, diz que fui por aí...



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