domingo, 7 de julho de 2013

A madrugada me possuiu


A madrugada me possuiu
Silvia Britto

A madrugada chegou de mansinho e entrou embaixo de minhas cobertas, qual amante inquieta, sem conseguir esperar até o amanhecer.
Mordiscou-me o lóbulo da orelha, fazendo com que meu corpo adormecido despertasse num frenesi de desejo morno.
Foi descendo devagar e, com sua língua impetuosa, endureceu-me os seios, que quase não cabiam mais dentro do peito ofegante.
Eu, ainda tímida por aquela invasão, fingia-me adormecida, tentando respirar o menos possível, para não perturbar aquele momento mágico.
E ela ousou. Despiu-me de vergonhas e pudores.
Foi descendo pelo meu corpo, envolvendo-me com sua língua quente, cheia de promessas e elogios, tendo a escuridão da noite como cúmplice.
Eu, maravilhada por aquela sensação inebriante, fui me entregando, indefesa, àquela impetuosa visita.
Já não mais aceitava passiva.
Facilitei-lhe o caminho.
Entreguei-lhe a boca.
Provoquei-lhe com meu corpo quente.
Perdi a vergonha e lhe ofereci meu sexo inundado de volúpia e pressa.
E foi aí que ela me possuiu.
Invadiu meu corpo e fez-se dona de meus desejos.
Arrancou-me gemidos. Arranhou-me as coxas. Penetrou-me a alma.
Amou-me com a força e a calma que só os amantes mais experientes possuem.
Levou-me-me ao êxtase e inundou-me de poesia e plenitude, que agora transbordo nestas palavras tortas.
Perdoem-me pela ousadia de dividi-las com vocês.
Mas minha alma é prostituta e exibicionista.
Não coube em si e veio exibir seu cheiro profanado pela noite e fecundado pela madrugada.
A lua foi nossa testemunha.
Pronto.
Gozei.



calmaqu

Nenhum comentário:

Postar um comentário