segunda-feira, 21 de outubro de 2013

"Se"

Estava estudando e, para não chorar de raiva e frustração, resolvi escrever...


"SE"
Silvia Britto
                                  

Não aguento mais essa insuportável partícula "SE"!!!
É "SE" apassivador. É "SE" índice de indeterminação do sujeito. É "SE" reflexivo.
É "SE" recíproco... Sem falar do "SE" condicional.

Quando penso que estou apassivando, estou indeterminando.
Quando penso que estou indeterminando, estou apassivando.

Haja paciência!!

Quando vejo, na questão, o danado do "SE" despontando, como se rindo da minha cara apavorada,
já me dá uma vontade enorme de chutar qualquer das opções. Ou de marcar a resposta que acho ser errada.
Por ironia da Gramática, a errada para mim é sempre a certa para a banca!

Como é possível tremer ante duas letrinhas que parecem tão insignificantes?
É que, na verdade, as danadas são poderosas.
Já parou para pensar?
O certo fica incerto.
O ativo torna-se passivo.
E a pobre da pessoa perde a sua exata definição só pela sua presença na oração!

Argh!!! Que irritação!!!

Confesso não saber mais o que fazer com essa partícula danada.
Como aprendê-la?
Como apreendê-la?
Não foi por falta de explicações.
Tanto já perguntei a bons mestres...
Tantas dúvidas já me foram esclarecidas por professores dedicados...

Acho que é um defeito de fabricação do meu cérebro.
Nasci com a capacidade de entendimento do "SE" avariada.
Será que é por isso que não tenho paciência quando me impõem condições?!?!

Pelo menos "SE"...
Precisa-"SE" de...
Conserta-"SE" isto ou aquilo...
Abraçam-"SE"...
Amam-"SE"...
Matam-"SE"...
Arranca-"SE" cabelo!!!

Quer saber? Eu me rendo!
VIVA O CHUTE!!!
Danem-"SE" os examinadores!!!!!!

2 comentários:

  1. SE não me engano: Rudyard Kipling: "Se", ou "If". Lá vai:
    Se
    Se és capaz de manter tua calma, quando,
    todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
    De crer em ti quando estão todos duvidando,
    e para esses no entanto achar uma desculpa.

    Se és capaz de esperar sem te desesperares,
    ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
    Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
    e não parecer bom demais, nem pretensioso.

    Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
    de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
    Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
    tratar da mesma forma a esses dois impostores.

    Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
    em armadilhas as verdades que disseste
    E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
    e refazê-las com o bem pouco que te reste.

    Se és capaz de arriscar numa única parada,
    tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
    E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
    resignado, tornar ao ponto de partida.

    De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
    a dar seja o que for que neles ainda existe.
    E a persistir assim quando, exausto, contudo,
    resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

    Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
    e, entre Reis, não perder a naturalidade.
    E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
    se a todos podes ser de alguma utilidade.

    Se és capaz de dar, segundo por segundo,
    ao minuto fatal todo valor e brilho.
    Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
    e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!
    Rudyard Kipling

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  2. Linda poesia, Mau! Esse sim, é um "SE" que se preze! Beijos!

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