Os enrolados
Silvia Britto
Já percebi que, invariavelmente, todos os meus amigos da faixa etária dos 45 aos 65 anos de idade, que já foram casados e separaram-se, quando perguntados sobre seu estado civil, levam alguns segundos para responder. Costumo perguntar se são casados, solteiros, namorados, noivos, amancebados ou tico-tico no fubá e eles ficam sempre na dúvida.
A resposta mais comum parece ser: ENROLADOS!
Também eu me incluo nessa turma. Como uma boa mulher moderna, também estou "enrolada". Não sei se estou namorando, "ficando", "pegando" ou "enrolando" meu "enrolado".
E isso é bom ou ruim? Não sei! Como tudo na vida tem seus prós e contras. Obviamente que adoro ser livre, não pertencer a ninguém e só ficar junto por estar realmente com vontade. No entanto, há um lado romântico meu, que quer fazer planos de futuro, dizer que tal pessoa é meu namorado, tirar fotos em lugares idílicos e românticos e perpetuar esses momentos de felicidade a dois.
Os "rolos" não parecem ter passado nem futuro. Muito mal carregam um presente. Sou mais pela liberdade do corpo e cumplicidade da alma. Meio hippie mesmo. Mas o que vejo por aí é exatamente o contrário: prisão de corpos acomodados e preguiçosos e traição de almas.
Com esse papo de redes sociais, as pessoas têm quantos "rolos" e "enrolados" quiserem. Por muitas vezes o rolo é tanto que se perde o fio do novelo. Claro que os rolos podem acabar por desenrolar-se, para bem ou para mal. Mas, geralmente, causam um tremendo desgaste às mentes dos envolvidos.
Sei não. Acho que não gosto disso. Enquanto estamos no meio desse emaranhado sem fim, a vida parece passar ao largo, como a rir-se de nós, piões humanos, que não sabemos de onde viemos ou para onde vamos com nossas relações emocionais. E isso cansa demais.
Você está todo enrolado? Pois é... Eu também!
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