A síndrome do coração bandido
Silvia Britto
Estava aqui
lembrando da letra de uma música muito antiga mas sempre muito atual, gravada
por meu queridíssimo Waldick Soriano:
Quem eu
quero não me quer
Quem me quer mandei embora...
Quem me quer mandei embora...
...Por
onde anda quem me quer
Quem não me quer onde andarás...
Quem não me quer onde andarás...
...Não
sou capaz de ser feliz
No braço de um amor qualquer
Ah! Se uma fosse a outra...
No braço de um amor qualquer
Ah! Se uma fosse a outra...
E essa é a eterna síndrome do coração bandido.
Só para maltratar um pouquinho mais, quando esquecemos o “Quem não me
quer”, ele ressurge das cinzas, como que a debochar no nosso já doído coração.
Brinca de novo, sapateia e mais uma vez vai embora. A essa altura, já mandamos
um outro “Me quer” embora.
E assim vai passando a vida, cheia de encontros e desencontros. Sempre
buscando o momento mágico em que dois “Me quer” apaixonam-se loucamente.
Mas o coração bandido é forte, o danado! Coração safado, não cansas de
trair-me.
É dolorido esperar por alguém. Talvez tanto quanto ter que esquecer
alguém. Mas pior mesmo é quando não se sabe se deve-se esquecer ou esperar. Muito
frustrante esperar por algo que achamos nunca irá acontecer. Mas é ainda mais
frustrante desistir, quando esse algo é tudo que mais queremos na vida.
Não é fácil dar um lugar de verdade a alguém em nosso coração. Pior
ainda quando esse alguém não percebe o valor desse espaço e o usa com descaso,
falta de carinho e verdades mentirosas.
E quando temos alguém no coração que não podemos ter nos braços? Ou
quando o temos nos braços apenas em matéria enquanto a alma divaga perdida e
foje ao primeiro sinal de que poderia verdadeiramente entregar-se? Adoraria não
cair de amores por alguém que não esta lá para me segurar. Mas sou uma besta
mesmo. Sempre caindo onde não devo.
Um dia ainda dou um jeito em você, coração danado!
Ou então morro de
tanto amar.
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