A madrugada chorou
Silvia Britto
A madrugada
chorou
Chorou o
choro dos amores mal correspondidos.
Dos desejos
não saciados.
Das crianças
mal alimentadas
Chorou um
choro doído.
Em que nada
parece fazer sentido.
Em que tudo
é apenas um grande vazio.
Em que a
vida é tão somente uma grande ilusão.
E enquanto a
noite chorava, nós, mortais, apenas observávamos.
Impotentes
em nossa insignificância.
Seres
indefesos, à mercê do destino implacável.
Pequenos
corações, clamando por piedade.
Mas a chuva
passa.
Tudo passa.
Só não passa
esse choro da vida.
Choro
danado, madrugada molhada.
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