quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A madrugada chorou


A madrugada chorou
Silvia Britto

A madrugada chorou
Chorou o choro dos amores mal correspondidos.
Dos desejos não saciados.
Das crianças mal alimentadas

Chorou um choro doído.
Em que nada parece fazer sentido.
Em que tudo é apenas um grande vazio.
Em que a vida é tão somente uma grande ilusão.

E enquanto a noite chorava, nós, mortais, apenas observávamos.
Impotentes em nossa insignificância.
Seres indefesos, à mercê do destino implacável.
Pequenos corações, clamando por piedade.

Mas a chuva passa.
Tudo passa.
Só não passa esse choro da vida.

Choro danado, madrugada molhada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário