segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Habeas Corpus Cidadão





Habeas Corpus Cidadão
Silvia Britto

Em um país onde todos podem propor o que lhes vier à telha, à exemplo da ridícula Cura Gay, também eu tenho uma proposta a fazer. Aprendi que o Habeas Corpus trata-se de um remédio Constitucional que deve ser utilizado quando tivermos nosso direito de ir e vir ameaçado ou cerceado. Eu, como cidadã, tenho esse meu direito cerceado diariamente. Hoje ele quase faleceu, precisando mais do que um remédio, talvez uma CTI Constitucional. Proponho o Habeas Corpus Cidadão! Explico-me.
Tinha que vir do Engenho de Dentro à Urca. Como boa cidadã, resolvi acatar o pedido dos nossos “governantes” e trocar o carro/táxi pelo transporte público. E lá fui eu, toda prosa, para a estação do Engenho de Dentro, pegar o trem que me levaria à Central, percurso de coisa de 10 minutos. Ao chegar à estação, achei que estava um pouco mais cheia do que o normal. Deveria ser por todos terem tido a mesma ideia que eu. Não era. Os trens estavam atrasando! E ali fiquei por mais de trinta minutos.
Chegado o trem, obviamente lotado, entrei, quase que sem pisar no chão, tamanha a multidão que esperava comigo. Tudo bem. Ninguém morrerá por ficar amontoado por dez minutos. Ledo engano. Levamos nada mais nada menos do que uma hora e meia!, para completar o percurso de dez minutos. Trabalhadores desesperados tentavam fazer crer a seus patrões o que estava acontecendo. Outros ligavam para avisar do evidente atraso a compromissos. E eu ali, agradecida por não ter nenhuma hora marcada. Odeio chegar atrasada a compromissos. Absolutamente inconcebível para uma filha do Dr Britto.
Enquanto esperávamos, qual gado transportado para matadouros, nem uma explicação se fez ouvir. Mais uma vez eu agradecia pelo “rebanho” estar aparentemente calmo e sem sinais de violência. Temia por mim, que, a essa altura, já vivenciava meus mais puros instintos de vândala, ao querer pular no pescoço de uma mulher que insistia em ouvir música evangélica ao meu lado.
Chegando à Central, era a vez de encarar o ônibus. Obviamente que, passadas duas horas, o meu bilhete único já havia perdido a gratuidade do segundo trecho da viagem. Revoltada, ainda tive que pagar pelo descaso das nossas “autoridades”.
Vinha sentada no ônibus pensando se os chamados “ricos”, também tinham que passar por isso. A resposta veio clara. Claro! Que sim! Só têm direito a celas especiais. Seguem em seus carros importados, vidro fumê, ar condicionado e mp3, mas nem por isso livres da lama caótica do trânsito desta cidade, dita maravilhosa.
Junte-se a isso a derrota do Botafogo ontem e pronto! Teste de ferro para um velho e otimista coração. Pensei que não só nós, botafoguenses, somos escolhidos. Nós, brasileiros, também o somos. Há que se ter um tanto quanto de conformismo otário para conseguir seguir com a vida neste nosso Brasil.
Provavelmente, tudo funcionará lindamente na época da Copa do mundo. Tudo perfeito, para inglês ver. Infelizmente, logo após o término da competição, cairemos novamente no nosso usual descaso público. E há soluções? Manifestações, em que sofre apenas o nosso pífio patrimônio público, já tão depredado por governos omissos e corruptos? Voto, em que a escolha fica entre Não Presta e Não Vale Nada? Pois é.
E os responsáveis pela Supervia ainda tiveram a pachorra de deixar um número de telefone caso tivéssemos sugestões a fazer. Pois bem, eu tenho:
- VTNC! VSF, bando de FDPs sem mãe!
Pronto, falei!
AFFFFFFFFFF!


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