quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Amor, decisão racional


Amor, decisão racional
Silvia Brito

Sempre se escuta falar que amar é uma emoção do coração, um sentimento que ignora a razão. A petulante aqui, filha da dona Maria, vem mais uma vez discordar. Amor é decisão. É racionalidade. É caso pensado.
Obviamente, há um momento da relação em que a razão não tem vez. É a fase do enamoramento, da paixão. Indispensável falar que me refiro apenas à paixão correspondida. Nada consegue explicar aquele sentimento de que o mundo para ao nosso redor e que, a única coisa que nos satisfaz é estar ao lado do ser amado. É uma fase maravilhosa em que perdemos a noção do tempo, do ridículo, do compromisso ou da realidade. Repentinamente, tornamo-nos seres alados, em busca de novos horizontes e limites a serem ultrapassados. Sentimo-nos capazes de modificar o mundo e mais importantes que qualquer grande chefe de Estado. Somos seres de luz.
Entretanto, nada, absolutamente nada, resiste ao tempo e, aos poucos, nossos pés voltam a tocar o chão. Apenas nessa hora conseguimos enxergar ao outro como ser finito e limitado. E é aí que se dá o momento crucial que decidirá o rumo daquele encontro.
Nesse momento, para que não haja arrependimentos posteriores, é fundamental que o coração seja anulado e ceda seu lugar à razão. É chegado o momento de amar. Hora de tomarmos decisões, criarmos regras de convivência, estabelecermos acordos e pactos a serem seguidos. Tudo tem que ser muito bem exposto, de forma integral e honesta, para que os amantes possam seguir sua estrada de mãos dadas. É  hora de criar a tão famosa cumplicidade, de que falam tantos casais de sucesso.
Por isso, digo que o amor é uma decisão racional. Apenas com essa base sólida de compromisso e cumplicidade, de confiança e entrega, é que conseguimos seguir em paz e podemos nos permitir momentos deliciosos de paixão nessa estrada de pés no chão chamada amor.
Aos que acham esse pensamento um tanto quanto pobre de romantismo, desculpo-me mas torno a discordar. Acho extremamente romântico a decisão de entregar-se a outra pessoa de forma racional e responsável, consciente de nossas escolhas e fortalecidos em nossos laços. Amor sem essa tranquilidade não é amor, é dependência.



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