segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A cólera do anjo





A cólera do anjo
Silvia Britto

Antes de começar a escrever este texto, sinto-me na obrigação de dar um aviso aos meus incautos amigos, sempre acostumados a ler apenas o meu lado positivo e de bem com a vida. Agradeço por isso e concordo que assim levo noventa e cinco por cento da minha existência. Sou um anjo, pois todos o somos, do bem. Mas não posso negar os cinco por cento restantes, que me tornam também um ser humano, de carne, ossos e sentimentos sórdidos e pequenos. Aviso que, se não quiserem ver a feiúra e a humanidade desta mulher, abandonem agora a leitura.
Sempre fui um pouco bruxa. Vidente de comportamentos falsos. Anjo e demônio.
Tenho umas sensações estranhas e, quando vejo, algo de podre realmente estava acontecendo. E é esse o meu atual momento. Sinto o ar pesar a minha volta, o tempo atrasar, o peito apertar. Estou assim há coisa de duas semanas. Há uma ameaça que paira sobre mim. É algo já antes experimentado por meu coração. Portanto, um antigo inimigo, novamente a mostrar-me as garras.
Maluca! Muitos devem estar pensando. Mentirosa! Alguns devem estar duvidadndo. Mas, sinceramente, não me interessa. Não tenho compromissos com falsas verdades ou comportamentos coerentes. E como sempre faço quando o coração aperta, escrevo.
Tenho a sensação de que, ao passarem para o papel, as energias negativas desgrudam um pouco de mim. Triste mesmo, é quando elas vêm de pessoas que dizem nos querer bem mas que, na sua sórdida mesquinhez, mentem e estupram a nossa boa vontade.
Sempre me questiono o porquê de eu estar atraindo tanto esse tipo de gente. Certamente, o problema há de ser meu. Mas é que sempre tento colocar as coisas em diferentes ângulos de análise. Penso que os mentirosos são os que sempre acabam  mais infelizes do que eu. E me comovo por eles. Tento resgatá-los do seu próprio desamor. Idiotice? Talvez. Mas já disse, não tenho compromisso com coerência.
Entretanto, por mais que não pareça, até minha paciência chega ao fim. Não sou de desistir de nada. Tampouco de fugir da raia. Mas quando peço, perdôo, relevo e sou novamente traída, não me resta nenhuma alternativa a não ser pular do barco. Estou sentindo que minha tolerância com a mentira e a falta de lealdade está por um triz.
Portanto, meus queridos, preparem-se. Acho que muito em breve estarei por aí, com a etiqueta de maluca, paranóica, descontrolada e infantil colada com cuspe na minha testa. Lá vai a louca! Aquela que acredita no amor e na cumplicidade. Lá vai a doida, a vagar solitária, estrada afora, em busca de sinceridade e lealdade.
Mas eu não vou nem ligar. Antes só do que mal apaixonada, do que mal retribuída. O que uns leem como baixa autoestima eu traduzo por amor próprio. Afinal, para dançar e ser feliz, preciso, principalmente, das minhas pernas e do meu sorriso. 
Os mentirosos e enganadores, me perdoem a sinceridade, que se fodam em baforadas de fumaça preta e mortal. E continuem marcando passo, de mãos dadas com um passado infrutífero, posto que já teve seu tempo de reinar e já deu os frutos que houvera de dar. Mortos-vivos covardes! Assassinos do próprio presente e descrentes de um lindo futuro.
Sorry. Eu avisei.

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