segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Rivais, sempre. Inimigos, nunca!


Rivais, sempre. Inimigos, nunca!
Silvia Britto

Há muito que não escrevo mas senti uma vontade muito grande de vir aqui desabafar. Tudo por causa do suporte que dei ao Flamengo, contra os argentinos, na taça Libertadores.
As críticas, obviamente, vêm dos torcedores dos demais times do Rio, principalmente do meu tão amado Botafogo. Acho que sou a única Botafoguense que conheço que torceu para o Flamengo. Fui, inclusive, chamada de “torcedora Nutella”, por esse suporte que dei ao rubro negro.
Em primeiro lugar, Nutella é a puta que os pariu, com toda minha peculiar meiguice. Nutella, para mim, é quem adere a essa moda de fazer parte de facção e não de torcida. É quem apoia essa desunião bélica em que se transformou nosso futebol. É quem fala mal do time sem se dar ao menor trabalho de tirar a bunda do sofá e ir a um jogo no Niltão.
Eu, senhores, sou torcedora raiz, que sofro in loco, que vou a quase cem por cento dos jogos, que sou sócia torcedora e amo incondicionalmente minha Estrela Solitária. Raiz, é aquele torcedor que, como eu, lamenta, com saudade, a perda daquela rivalidade sadia entre torcidas, descendo juntas a rampa do Maraca, cantando seus hinos, e trocando telefones para futuras paqueras. Quantos amores entre times rivais eu vi nascer! Éramos felizes e aproveitamos como ninguém aqueles domingos que começavam na praia e terminavam na alegria que era ver nossas bandeiras tremulando nas arquibancadas do Maracanã. Que espetáculo lindo quando as bandeiras se cruzavam no meio tempo, para ficar do lado onde estavam seus corações. Nutella, senhores, são vocês, que seguem a infeliz modinha de participar de facções e não torcidas.
Também sou muito atacada por ser fã de carteirinha do Zico, um dos jogadores mais brilhantes e inteligentes que já vi jogar. Também admiro muito  Leandro,  Reinaldo,  Fred,  Rivelino, Júnior, protagonistas que faziam meus olhos brilharem assistindo ao esporte que tanto amo. Além deles, também amo de paixão o Marinho Chagas, que me fez ser escolhida pela Estrela, Jairzinho, Nilton Santos, Mendonça, Garrincha, Heleno e tantos outros a quem tenho a honra de chamar de ídolos Gloriosos. Aí, vêm os críticos dizendo: “Ah, mas o Zico não ganhou Copa do Mundo!”, “é jogador de time”... Pra quem não sabe, Zico não ganhou Copa do Mundo, mas foi campeão do mundo! E é amado e idolatrado até hoje e até o fim de seus dias.
Por fim, quero dizer que há muito que sigo o meu coração. E esse, meus caros, é de paz e não de guerra. Infelizmente, por conta dessa guerra que se tornou o futebol, meus sentimentos pelos Flamenguistas não é dos melhores. Sei também que é por culpa de uma pequena parcela de meliantes arrogantes que não perdem tempo em fazer ataques, às vezes mortais, aos seus oponentes. Por ser maioria, tornou-se a torcida com mais arrogantes que conheço. Mas também há, entre eles, muitos torcedores raiz, assim como eu. E a esses últimos eu remeto meus parabéns pelo trabalho bem feito e merecimento. Não gostei que o triunfo veio através de um jogador que, para mim, é símbolo desse “nutelismo”, que pratica o anti futebol e que não deveria, nem de longe, subir em um pedestal que Zico já ocupou. Mas, o mundo está de cabeça pra baixo e isso sim, eu tive que engolir a seco. Mil vezes as honras fossem ao Arrascaeta!
Por fim, devo dizer que, para o Mundial, continuarei a seguir meu coração. Morei na Inglaterra por nove anos. Meu time por lá, passou a ser o Liverpool, desde minha chegada na terra da Rainha, no ano de 1988. Sei lá porquê! Talvez por causa dos Fab 4. Fato é, que meu coração, na final do Mundial, será vermelho, doa a quem doer. Essa sou eu, com minhas incongruências, mas sempre seguindo meu coração raiz. GO YOU REDS!!

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