segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Angra me diz adeus


Angra me diz adeus
Silvia Britto
Dois anos se passaram. É hora de voltar pra casa. Estou feliz, pois era tudo que eu queria. Então, por que as lágrimas insistem em rolar pelo meu rosto? Porque não é fácil deixar para trás mais uma família.
Tive o imenso privilégio, quando decidi trocar os caninos e molares pelos Inquéritos e ofícios, de ser guiada por dois profissionais de ouro. Um, deVéras corajoso e didático e outro de uma e capacidade de gerenciamento/ planejamento e pragmatismo absurdamente nipônicos. Ambos, pessoas incríveis e muito generosas.
Convivi com uma variedade de pessoas fantásticas, sempre dispostas a oferecer um sorriso e uma mão amiga. Uma profusão de Leonardos, Carolinas, Isas e Rafas. Bonequinhas chinesas e árabes. Pombos correios. Magos das telas. Bruxas quânticas sulistas, de longas pernas e coloridas flores, contrastando com a brejeirice miúda de sotaque mineiro-bahiano das Januárias do mundo.
Vi pais e mães nascerem, famílias crescerem.
À frente, nossos agentes ao melhor estilo 007 e, na retaguarda, policiais capazes e muito brabos (só que não!).
A turma de cima. A turma da frente. Os que já foram. E a equipe quase totalmente Alvinegra das lindas e queridas meninas da psico (de onde mais poderiam ser para me acompanharem na doce loucura de torcer pelo Fogão?)
As moças da limpeza, que não falhavam em suas encheções de saco diárias, levando com elas as provas de nossos erros e inseguranças, além de fornecerem a cafeína quente e indispensável para os dias de trabalho pesado. (aliás, vou processar quem me disse que servidor público tem uma vida mansa!).
Também tem a ala internacional de Johnies, Jeffs e Angels. Meus meninos de ouro! Vai ser difícil viver sem poder extravasar o bullying nosso de cada dia.
Os momentos gourmet, com bolos de maçã, caldinhos de abóbora com camarão, bolinhos de chuva... Graças a eles vou embora de Angra rolando! Afff!
Indispensável dizer que vou levar muitas saudades . Mas o que mais me orgulha, é que sei que também vou deixar muitas saudades. Meu jeito franco, direto e moleque serviu para, de alguma forma, provocar algumas gargalhadas e trouxe a leveza necessária para um ambiente de amizade e ajuda mútua. O trabalho duro ficou marcado pelas incontáveis horas extras que se espalham em meu registro de ponto, usadas para transformar e organizar as prateleiras por onde andei. Também vou deixar minha marca nas carimbadas que lancei, às vezes sorrindo, às vezes chorando.
Portanto, gostaria de agradecer a todos pela oportunidade que me deram de poder deixar saudades. Vocês agora fazem parte da colcha de retalhos que é a minha vida. Retalhos acumulados pelos lugares por onde eu passo.
Despeço-me com apenas mais duas palavras: a Deus!
Amo vocês, bandibocós queridos!

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