quinta-feira, 30 de julho de 2015

Mais uma conquista


Mais uma conquista
Silvia Britto

E não é que eu consegui?
Ainda estou sob o efeito da notícia e, às vezes, penso até estar sonhando. Mas é verdade! Em poucos dias, serei a mais nova servidora do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro! Pelas evidências, tenho que convencer-me de uma vez por todas, de que não sou apenas um rostinho lindo em uma personalidade encantadora, rsrs.
Há coisa de 5 anos, minha vida deu uma guinada de 180 graus. De repente, eu era uma mulher só, com lindas lembranças de um casamento que durou 30 anos mas que chegou ao seu destino, sem amigos, que, inevitavelmente acabam afastando-se dos recém separados, sem emprego, e com uma irmã e uma filha para cuidar. Parecia que o mundo abria-se sob meus pés.
Parei, pensei muito, e a única coisa que me restava, além da alma inconformada com a acomodação e a alegria de viver, era uma viva lembrança de uma menina estudiosa, caxias e CDF, que amava estudar, estava sempre tirando notas boas e que tirou de letra o período acadêmico.
Decidi, então, tomar essa vantagem e dom que a vida me deu a meu favor. Tornei-me uma estudante profissional! Ingressei no mundo dos concursos públicos. Estudei muito. Assim como em tempos de escola, não faltei a uma aula sequer. Esforcei-me. Fiz amigos eternos e companheiros ao longo dessa jornada árdua. E acabou compensando. Prestei, finalmente, o concurso que seria a minha passagem para uma nova vida, independente financeiramente e cheia de orgulho próprio, por ver que minha luta não fora em vão.
Estranho é perceber que, até mesmo quando a vida nos é generosa, ela não é fácil. Depois de uma certa idade, não  existe ganho sem perda. Por um lado, a grande felicidade e orgulho pela minha conquista e, por outro, a grande tristeza de ser obrigada a deixar para trás o meu amor, meus amigos e, acima de tudo, minha filha querida.
Ela foi, por 18 anos, minha amiga, confidente, cúmplice e companheira. Por mais que eu saiba que ficarei fora por apenas um ano, nada mais será como antes. Ela cresceu e o ciclo de morarmos juntas, como mamãe e filhinha, chegou ao fim. Com certeza, continuarei mamãe e ela, filhinha. Mas não acredito que isso se dará, novamente, sob o mesmo teto.Por mais que me doa, tenho que aceitar que essa hora chega para todos. Só estranho que serei eu a abandonar, por força das circunstâncias, o lar. Coisas dessa tal de vida...
Apesar dos pesares, inicia-se mais uma fase na vida desta mulher, sem noção, petulante e guerreira, que nunca abaixará a cabeça à acomodação. Que minha luz me ilumine e que eu continue sempre colhendo os frutos de ser quem sou.
Deixo com vocês um grande abraço e a certeza de que todo sonho é possível se você desejar de verdade.
Até!

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