quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Sedução e paixão


Sedução e paixão
Silvia Britto

Sedução...
Sem querer, peguei-me pensando no significado dessa palavra. É a capacidade de encantar ao outro. É o momento em que esforços não são medidos para chegar ao objeto de nosso desejo.
No amor, é um dos mais encantadores momentos, em que doces “nadas” são sussurrados aos nossos ouvidos, fazendo a pele arrepiar. É o momento em que deixamos nossa criança interior vir à tona e reinar quase que absolutamente, solta e feliz. Não há nada mais sedutor do que o carisma de uma criança.
E assim seguimos, felizes, despreocupados, dançando pelas ruas, cantando felizes, descobrindo o prazer que cada pedacinho do corpo do outro nos proporciona. Embriagando-nos de novos cheiros, novos sabores e novas emoções.
Não há como negar que é um momento mágico. Lágrimas brotam aos olhos de quem está seduzido tanto quanto de quem seduz. O mundo para de girar e tudo se concentra em apenas um nome, um rosto, uma boca. E os pés, como em um sonho do qual não se quer acordar, não andam, mas flutuam.

Paixão...
É a emoção quase patológica do amor. Sentimento doloroso, muitas vezes com perda de individualidade, mas que exerce um fascínio absurdo sobre quem por ela é atingido. Ultrapassa todas as barreiras possíveis e imagináveis.Quando completamente correspondida, causa grandiosa felicidade. Dizem que é um sentimento passageiro... Dizem que não há como durar uma eternidade. Como tudo na vida, há o momento de retorno à realidade, onde a paixão cede lugar ao amor e o mundo tende a recuperar seu passo. E tudo fica mais sereno, a calmaria se instala e o coração se aconchega na paz da certeza.

E é aí que começa o meu problema. Não chego a alcançar esse patamar de tranquilidade. Sou intensa. Vivo eternamente enamorada e encantada com a sensação maravilhosa que um “eu te amo” provoca nos meus sentidos. Busco abraços, contatos, cheiros, como se nunca saísse do estágio da paixão e da sedução.
Obviamente, sempre chega o momento em que uma certa paz e certeza instalam-se em algum lugar ao fundo, mas não é isso que me faz arder de vida. Ardo com o inesperado, ou esperado, toque no meu pescoço, que tem o dom de arrepiar cada célula do meu corpo.
Tenho crises de abstinência de beijos, abraços, cafunés, danças no meio da rua, declarações inesperada e deliciosamente fora de hora. Sinto ânsias de encontros! Sou uma eterna apaixonada e sei que tenho que tomar extremo cuidado com esse meu sentimento sob o risco de sentir-me rejeitada ou esquecida. Nem todos nasceram sem esse freio normal e, se seguirem o meu ritmo, acabarão atropelados pelo próprio desejo.
Estou em fase de tentar amadurecer. Fase de tentar entender que cada um tem seu ritmo, independentemente do amor que possa sentir. Tranquilidade não é sinal de desamor ou falta de interesse. O fim da sedução, não significa falta de paixão. Minha tendência é ser eternamente uma adolescente enamorada e, se não tomar muito cuidado com isso, acabo por me machucar ao esperar do outro, coisas que não me podem ser dadas. Há milhares de outros detalhes que impedem que essa paixão e o jogo de sedução estejam sempre no topo da lista das prioridades das pessoas em geral.
Entretanto, faço questão de marcar muito bem a minha posição inconsequente de eterna apaixonada. Luto para dar atenção também aos inevitáveis problemas do dia a dia, mas nunca deixarei que nada interfira no delicioso jogo de sedução, entrega e paixão, tão difíceis de ser alcançados, desacreditado por alguns e invejado por muitos.
Apenas tenho que aprender a me bastar e ficar feliz em sentir o que sinto, independentemente do que o outro possa estar sendo capaz de me dar. A felicidade e plenitude vêm de dentro e nunca devem ser cobradas de quem quer que seja. Cada um dá o que pode e quando pode. Fico muito feliz em apenas sentir o que o outro provoca em mim e tento desligar-me do que me pode ser dado. Dá quem pode e como pode. Cobra quem não sabe amar. E é isso que aprendo mais e mais a cada dia. Apesar da minha carência sem fundamento, não quero cobrar... Quero amar.

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