quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Felicidade e perfeição


Felicidade e perfeição
Silvia Britto

Não há jeito certo ou errado de ser feliz.
Nunca satisfaremos a todos com a nossa felicidade. Nem a nós mesmos!
O que é necessário é que tenhamos força suficiente para seguir em frente quando a vida nos tira o que parece nos ter sido predestinado e aceitemos a possibilidade de que algo melhor pode nos estar reservado, em algum tempo, em algum lugar, em alguma esquina da vida.
Cansei de buscar a felicidade. É hora de parar com lamentos do que não foi, e seguir em frente em busca do que ainda será. Enquanto isso, vamos flertando com o que é. Vamos seduzir a vida para que ela nos retribua a audácia.
Afinal, a ausência nada mais é do que o espaço necessário para o que de novo tiver que chegar. Enquanto estivermos plenos de situações que não nos fazem sorrir, não há espaço para as gargalhadas que fazem doer a barriga. Ah! E como amo rir até pedir arrego com dor na barriga!
Os caminhos que nos fazem chegar ao orgasmo, nem sempre, ou quase nunca, são perfeitos. São tortos, diferentes, por vezes sujos, lambidos, fedidos, suaves, arrepiantes. Isso tudo não combina com perfeição asséptica e horários militares. Felicidade é liberdade!
Que possamos ser capazes de fazer amor às três da tarde, com a mesma facilidade com que o fazemos à meia-noite, abrindo assim a diversidade de deliciosos e surpreendentes gozos que o Sol e a Lua nos têm a oferecer.
Bom mesmo é perder o chão, o olhar, o sono. É não achar o prumo e perder o rumo, descalça, na chuva e sem medo de pegar um resfriado. Ser perfeitamente imperfeita e contraditória. Mudar a história. Não assinar ponto mas escrever o conto. Não ligar pra dinheiro mas fazer questão do cheiro.
Perfeição, rima com razão, conformação, submissão. Já felicidade... Ah! Felicidade rima com alegria, entrega, coragem, certeza, molecagem, audácia... Como? Felicidade não rima com nada disso? E quem é que está procurando a rima perfeita?
E não é?

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