segunda-feira, 7 de julho de 2014

A menininha, a estrela e o amor


A menininha, a estrela e o amor
Silvia Britto

Era uma vez uma menininha que nasceu em uma ilha. Nasceu na Ilha do Amor, em um país banhado pelo sol e bonito por natureza.
Sempre gostou de mar e tal era a sensação de paz que esse lhe transmitia que sentia-se em casa ao ser lambida por suas ondas. À primeira vez que deparou-se com sua beleza azul-esverdeada, soube-se sereia.
Gostava do sol mais que da lua, mas encantava-se com as estrelas no breu do horizonte. Achava lindo quando o céu delas iluminava-se, nas noites negras daquelas partes do mundo.
Não era fácil a tal menininha. Sempre franca, um dia chocou a todas as visitas na sala da envergonhada família ao olhar pela janela e deparar-se com o badalar do sino da igreja, anunciando a missa da tarde. Entre perplexa e encantada, gritou na inocência da sua lógica infantil:

-Vejam lá! É a piroquinha do sino!

Um dia, roubaram-lhe da sua amada ilha e a menininha viu-se jogada em um Rio, a princípio triste e solitário, mas ao qual aprendeu a amar e conquistar, sendo por ele adotada. Era um Rio também banhado pelo mar. Um Rio de Janeiro, mas também de fevereiro e março. E assim passaram-se os meses. E assim passaram-se os anos.
Um belo dia, já um pouquinho mais velha, a menininha deparou-se, assistindo à TV, com uma linda estrela, no peito de um jogador de futebol que portava, garboso, um lindo uniforme Alvinegro..Mais uma vez uma estrela encantou-a e deu início a uma forte paixão por aquele time, fazendo com que um Fogo eterno tomasse conta do seu coração.
E o tempo passou. A menininha cresceu, tornou-se mulher, casou, foi para terras estrangeiras, tornou-se mãe, sem desconfiar que, um dia, aquela estrela ainda a faria muito feliz.
O tempo correu, o casamento acabou. A menina-mulher quebrou seu sorriso e perdeu seu chão. Porém, com a força inerente às ciganas do mar, renasceu, resplandeceu e libertou-se de tudo que a impedia de brincar, sorrir e ser feliz. Abriu seu coração, seguindo assim na sua estrada, leve, risonha e despretensiosa.
Numa bela e mágica tarde, esbarrou novamente com a linda estrela solitária. Desta vez, a estrela descia uma rampa, trazida no peito de um homem prateado, com cabelos cor de lua, sorriso lindo de menino e um abraço muito forte, que capturou-lhe, irremediavelmente, a alma.
Naquele abraço, as duas estrelas que vestiam os corações do homem e da, agora, mulher, e que há muito se procuravam, separados por artimanhas do destino, finalmente se encontraram. O mundo parou para ver aquele encontro. O tempo parou naquele abraço. Um beijo se fez roubar e a vida ganhou um sabor de infância, renovada pela paixão. Naquele momento infinito, as duas estrelas solitárias uniram-se batendo em um só coração e as caras-metades transformaram-se em uma "cara inteira".
O homem e sua agora mulher deram-se as mãos e juraram seguir juntos, cúmplices e amantes, de almas dadas pela estrada que resolveram percorrer juntos. E foram felizes para sempre! E mais um ano!

(O que aconteceu a seguir é, definitivamente, muito triste para contar e esta é uma história de felicidade. Reservo-me a licença poética de terminá-la baseada apenas no meu desejo e, assim, eternizá-la como uma linda história de amor. Mesmo não seguindo o caminho do meu sonho, esse encontro é um dos meus maiores tesouros.)

FIM!
(Ou será o início?)

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