quinta-feira, 22 de maio de 2014

Quer namorar com eu?


Quer namorar com eu?
Silvia Britto

Calma, amantes inveterados da nossa amada Língua Portuguesa!
Depois de eu pregar aos quatro ventos o quanto sou apaixonada pelo nosso amado idioma, vocês devem estar com os estômagos revirados! Mas se me derem apenas algumas linhas, explicarei a razão de tamanha "antice".
Há mais ou menos 4 anos, comecei uma jornada, ainda inacabada, de estudos em direção à conquista de um cargo público. Nessa ocasião, ingressei em um curso preparatório para tentar passar nos famigerados concursos.
Lá pelas tantas do curso, iniciou-se o módulo de Português. Eu sempre tive uma pequena queda, ou melhor, um tombo grande, por professores de Português. Se alguém sabe a diferença entre objeto direto e indireto, já ganha o meu coração e já vou logo querendo mostrar meu complemento nominal.
Brincadeiras à parte, o novo professor, além de excelente didata, era um charme de pessoa. Sério, mal sorria, mas quando o fazia, deixava-me encantada com aquele sorriso amplo e sincero. Como nunca bati bem da bola, virava e mexia dava minhas "contribuições" à aula e a turma caía na gargalhada. Nunca fui uma arruaceira. Entretanto, toco um terror do bem em sala de aula e acabo, invariavelmente, ficando próxima de meus mestres queridos.
Pois bem... Já sem saber o que fazer para chamar atenção do tchutchuco, tive minha deixa em uma aula de Concordância Verbal. Ele explicava que o verbo "namorar" é transitivo direto, dispensando, portanto, a tão famosa preposição "com", que o povo cisma em atribuir-lhe.
Dizia ele:

-"Se alguém quiser namorar COM você, nem pense duas vezes e saia correndo!"

Ah!! Não prestou! Imediatamente levantei minha mão e mandei:

- Professor, do jeito que a coisa anda, se alguém quiser namorar COM EU, já estou avaliando!

A turma veio abaixo em uma sonora gargalhada, inclusive o tchutchuco, brindando-me com seu lindo sorriso. Sorri por dentro e ganhei o dia com aquela visão do Paraíso espelhada no seu rosto.
Aula vai, aula vem, acabamos ficando próximos e saíamos quase sempre para tomar café. Sempre conversávamos bastante sobre a vida, sobre Deus, sobre minha insuportável simpatia e fazíamos planos secretos para eletrocutar os garçons que cismavam em considerar-nos invisíveis. Acabei por apaixonar-me por ele, que por sua vez nunca me deu bola nesse sentido e transformamos esse encontro numa das mais belas amizades que já tive na vida.
Pouco nos vemos, mas nosso amor é para sempre. Minha paixão carente e infantil deu lugar a uma imensa admiração por essa pessoa maravilhosa que hoje considero um irmão de alma.

Tchutchuco! Este aqui é em sua homenagem! Você continua sem querer namorar com eu?

Beijo beijo!!

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