Com que roupa?
Silvia Britto
Com que roupa
eu iria ao samba que não fui?
Não fui ao
samba.
Não fui ao
samba porque não tinha roupa para vestir.
Não tinha
roupa porque, atualmente, só ando nua.
Desnuda,
pois nada mais me cai bem,
que não sejam os braços do verdadeiro amor.
que não sejam os braços do verdadeiro amor.
Desculpe-me
garboso cavalheiro que me tirou para dançar.
Perdoe-me
por não o poder acompanhar.
O samba
exige dois corpos presentes e o meu, não mais me pertence.
Não consegui
transpor essa porta que me levaria à voz dos grandes poetas.
Não porque
essa porta esteja trancada...
Não! Ela
está escancarada!
E queres
prisão maior do que não conseguir transpor uma porta escancarada?
Nada a ver
contigo, ou com as rosas que me tentaste ofertar.
Apenas, meu
coração não quer que eu seja de mais ninguém.
Quem eu
quero não me quer e quem me quer, mandei embora.
Mas aí já
muda o ritmo da dança...
Outro dia eu falo do Waldick.
Melhor será
continuar no samba e terminar cantando:
Meu coração
tem mania de amor, e amor não é fácil de achar.
Desculpe-me,
galante cavalheiro, mas não tive roupa para ir ao samba que você me convidou.
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