sábado, 31 de maio de 2014

Aonde tenha sol, é pra lá que eu vou


Aonde tenha sol, é pra lá que eu vou
Silvia Britto

Hoje, a tarde convidou-me a passear. Insistiu muito para que eu saísse de casa e fosse ver o por do sol na praia. A praia está tão pertinho de você, insistiu a vida em meus ouvidos.
E fui. Convidei a  menininha e a linda mulher que moram dentro de mim, e lá fomos as três para nada menos do que Copacabana. Eternamente, uma das mais emocionantes praias do mundo, se não pela sua eterna beleza de menina, pelo menos pelas lindas canções que a eternizaram.
Desci no Lido, posto 2, e fui caminhando em direção ao Leme, lugar que sempre me encantou e que serviu de palco para alguns dos melhores momentos de minha vida.
Logo que começamos a andar pelo famoso calçadão, a menininha sapeca já me implorou que lhe comprasse um picolé de limão. Assim o fiz, só para ver meu vestido florido maculado pelas gotas de seu picolé. Menina impossível!
Enquanto caminhava, senti nitidamente a presença da linda mulher, ao provocar algumas viradas de cabeça e alguns elogios por onde passávamos. E lá ia eu, equilibrada entre a ingenuidade infantil e a sedução, continuando meu passeio em direção ao sol.
Perto da pedra dos pescadores, ainda nos deparamos com um povo alegre, tocando um sambinha tímido mas nem por isso sem alegria, rodeado por alguns poucos gringos, provavelmente já ambientando-se para a Copa que se aproxima. Inevitavelmente, esse samba me trouxe saudade de um momento maravilhoso que vivenciei há algum tempo, também num passeio descompromissado pela praia. À ocasião, danei-me a sambar e brindei ao amor...
Enfim, chegamos ao último quiosque da praia e ali sentamos as três. Eu dividia um chope com a linda mulher enquanto a menininha esbaldava-se a correr pela areia, colocando, vez por outra os pezinhos no mar. Sapeca, essa danada!
E ali ficamos, compartilhando desse momento de equilíbrio e tranquilidade, a espera do adeus de mais um dia. Nem me dei conta de quando isso realmente aconteceu. O sol foi deixando de me aquecer e deu lugar a uma brisa fria que me dizia que era hora de retornar à vida real.
E assim fiz. Peguei o ônibus que me traria de volta, em seu ponto final, ali pertinho. Chegamos à nossa casa e eu dei um longo e demorado banho na menininha que já se pôs a dormir ao meu lado. Vim tentar eternizar mais esse lindo momento através deste texto enquanto a linda mulher nos serve de uma taça de um delicioso e suave vinho branco que ainda estava intacto na minha geladeira. E assim ficaremos as três, aconchegadas, esperando o nascer de um novo dia.

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