O amor é plural
Silvia Britto
Certa feita,
conversando com uma amiga querida sobre minhas peripécias amorosas, ela me disse
uma frase que não saiu da minha cabeça até vir parar neste texto:
- Zoião
verde, o amor é plural!
Isso ficou
remoendo meus pensamentos, brincando com minhas certezas, desafiando meus
princípios éticos e morais e tomando forma de verdade. E não falo aqui de amor
fraternal, entre amigos ou por animais. Falo do romântico. Aquele do beijo na
boca.
Impossível que
num mundão enorme e cheio de pessoas maravilhosas como este consigamos amar apenas uma pessoa. Cada um desses seres especiais que cruzam
nossa estrada, tem algo lindo e irresitível com o qual nos provocar.
Há
diferenças nessas provocações, é claro. Há pouco, escrevi sobre os cinco requisitos
para arrebatar de vez o meu coração: amizade, cumplicidade, otimismo, coragem e
sexo. Não raro, encontro pessoas com três
ou quatro desses requisitos reunidos, por quem não consigo deixar de
apaixonar-me, na medida do nosso encontro.
Há o amor
platônico, em que apenas eu consigo ver essas qualidades no outro. Bem doloridinho
e frustrante esse daí.
O amor de química, em que o sexo é o grande
protagonista.
O amor poesia, aquele que encanta, arrebata e faz sonhar mas, por
determinação do destino, não consegue concretizar-se.
O amor submisso, aquele em
que submeto-me a situações completamente diversas ao meu requisito fundamental
da cumplicidade, apenas por tratar-se de pessoa generosa e simples nas suas
atitudes.
Mas há um
tipo de amor que me entorta a cabeça e as entranhas. Tira meu chão e minha
respiração. Faz com que eu nem queira respirar para que a mágica não se desfaça.
Faz com que eu ria sozinha pelo meio da rua. Vem acompanhado de uma paixão
adolescente e arrebatadora. A esse, chamo de amor NIRVANA. Reúne os cinco
requisitos e ainda me tráz alguns mais, de surpresa, como flores delicadas,
lambidas no suvaco, picolés de limão e balinhas de hortelã.
E todos os
amores, bandidos ou não, correspondidos ou não, desejados ou não, emaranham-se
e fazem de mim essa colcha de retalhos ambulante que sou. Amante, acima de
tudo, de mim mesma e, tendo a certeza de que, só por ser capaz de amar-me,
respeitar-me e aceitar-me nas minhas incongruências, é que a vida me presenteia
com tão lindas e especiais pessoas.
Um beijo em
cada um dos meus queridos amores! Uns na boca, outros na bochecha, alguns nos
olhos e, naquele, no tal do Nirvana, um beijo no... Não... O pouco de sanidade
que ainda me resta, impede-me fortemente de dizer onde é esse beijo, rsrsrs.
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