quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Ai, que saudade!


Ai, que saudade!
Silvia Britto


Ai, que saudade que eu estava de um amor!
Alguém em quem eu pudesse apoiar a cabeça...
Que me comprasse picolé de limão...
Me pagasse um café...
Limpasse os meus lábios quando estivessem sujos de solidão...
Acariciasse minhas mãos...
Me fizesse uma massagem gostosa nós pés, enquanto esperava sua vez de ser acariciado...
Que me mandasse mensagens amorosas, dizendo sentir a minha falta...
Alguém que tivesse sede dos meus beijos e fome das minhas carícias mais ousadas...
Que depois do sexo, dormisse, ou tentasse dormir, abraçadinho comigo,
Fazendo-me sentir a mais plena das criaturas...
Estava com saudade de uma respiração quente e entrecortada de prazer na minha nuca...
De alguém que fosse o meu cobertor nas noites frias
E meu sopro de felicidade nas noites de verão...
Alguém que me dissesse: não saia daí, volto logo...
Que me dissesse: percebeu que o sol já vem raiando?
Alguém que sentisse que não há nada melhor no mundo do que ficar engarrafado no trânsito
Só por estar em minha companhia...
Alguém com quem dividir alguns copos de cerveja até que o efeito do álcool nos fizesse rir como crianças...
Travessas...
Descompromissadas...
Perdidas no tempo...
Mergulhadas nas delícias de um abraço...
Ai que saudade que eu estava de um bem...
Alguém com quem pudesse fazer planos para daqui a uma hora...
E promessas para daqui a cem anos...
De sentir-me acolhida em braços que me abarcassem a alma...
Alguém que enxugasse minhas lágrimas com um beijo carinhoso...
Que me fizesse sentir eterna...
Infinita...
Que falta eu sentia de um amor...
O amor tem pressa.
Sossega paixão! Sossega tesão!
Ai que saudade... De você, meu amor!

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