terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Eu me rendo

Eu me rendo
Silvia Britto

Meu caro AMIGO,

Eu me rendo. Cheguei ao meu limite.
Há muito que venho jogando um jogo equivocado.
Já te dei muitos passes nesse jogo. 
Na verdade, te coloquei na cara do gol, onde a bola era do tamanho da de basquete 
e a rede cinquenta vezes menor que a do Maracanã.
E sem goleiro!
E você não marcou. 
Não marcou porque não quis. 
E tenho que respeitar a sua jogada.
Você também jogava comigo. 
Mas era um jogo diferente.
Você também me deu bola. 
Mas a sua, que guardo sempre comigo, era uma linda e brilhante bolinha de gude. 
Parece um pequeno diamante.
Eu quis tornar a bolinha de gude em algo maior. Não consegui. 
Demorei a entender as regras do NOSSO jogo.
Não me rendi facilmente. Não entrego o jogo sem luta.
Mas cansei. 
Como você um dia disse não querer me dividir, também eu não te divido com ninguém.
Não acho justo eu seguir a regra e você não.
Também fiquei triste comigo por ter acreditado em você ao me dizer que eu era a última paixão que queria na vida. Mas acho que já me perdoei por ser tão ingênua e crente.
Tenho que pendurar minhas chuteiras. 
Deu pra entender agora porque me identifico tanto com o Botafogo?? 
Coisa chata, morrer na praia...
Agora é bola pra frente. 
Vou deixar que o tempo e a distância se encarreguem de me ensinar as novas regras, se existirem.
No jogo dos relacionamentos, seja quais forem eles, não se pode jogar só.
Vou esperar. 
Tomara que continuemos a nossa partida brindada com água e café. 

Fique em paz.

Um beijo amigo, em cada lado da sua face.


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