quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Solidão florida

Solidão florida
Silvia Britto

Acordei hoje, às quatro da manhã, sentindo-me solitária.
É uma solidão interna, já velha conhecida minha. Ameaça deixar-me, pede o divórcio, mas não consegue me largar. Andamos juntas desde que me entendo por gente, na época em que eu andava cedo, pelas ruas escuras, a caminho da escola, com a alma vazia de café da manhã e cuidados.
Se pensarmos bem, todos somos solitários em nosso interior. Ninguém nos conhece tanto como nós mesmos. A tendência é passarmos a mão sobre nossas cabeças e abafarmos nossos erros.
Contudo, não saberia viver assim. Parece-me um mundo fantasioso, em que posaria de princesa inalcançável numa torre alta e intransponível. Daí a opção por viver na transparência. Sei que posso estar tomando apenas o meu partido, vez ou outra, e não suportaria viver cometendo tal injustiça.
Por isso me exponho. Ando nua em meio à multidão. Quero o aval do mundo para as minhas atitudes. Quero seguir com passos firmes e de muito pouco me arrepender.
Meu senso de justiça é aguçado e implacável, o que por vezes faz com que até me cobre em excesso. Não tenho medo das críticas negativas. Delas, absorvo sabedoria e força de mudança. Das positivas, obtenho autoestima, reconhecimento verdadeiro por ser quem sou e a certeza da minha estrada, cada vez mais florida  e frequentada por anjos e amigos leais.
Dessa forma, acredito ter largado um caminho de solidão completa lá atrás e ter descoberto outro, mais bonito e florido, em que a verdade e o senso de justiça são soberanos.
Uma flor, um beijo e um abraço.

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